Falando em gripe, HOJE vou tomar a vacina da H1N1.
Acordei, banho, alongamento e caminhar.
Caminhando FORTE para a pista, percebi o que não queria: MORO NA PERIFERIA.
Como descobri isso? Olhando para os postes, fios e cabos da rede elétrica. Tem mais tênis nos fios que na World Tennis. E fósseis de pipas? Um arquéologo pipal, com auxílio do carbono 14 decobriria aqui no bairro, gerações e gerações de crianças que não tinham cuidado algum para com a própria vida, empinando seus "quadrados" bem próximos da rede elétrica.
E a CAPUCHETA? Lembra?
Sabedor desta feita, continuei em silêncio meu caminhar.
NADA... Absolutamente NADA está aberto a hora que saio para caminhada. Só UM boteco já lá bem perto da pista e, pasmem, hoje com 04 pessoas (consumidores) "cajibrinando" as 07h30 da manhã. E eu que me achava disposto! Disposição é isso: Rabo de Galo as 7 da matina. Maria Mole. Bombeirinho.
Só conheço isso de nome, pois sempre ouvi meu pai falar.
Apesar de ter a aparência que tenho, sou desprovido dos pequenos vícios.
Ontem, um irmão me falou que eu deveria ter uma meta. Prometi pensar em uma meta no caminhar de hoje. Ele me perguntou o que me motivou a caminhar. Também não soube responder. Mas...THINKING WITH MY BUTTONS (hahahaah) lembrei de uma conversa que tive com meu irmão há dois anos atrás. Era dia das mães e eu sequer imaginava que seria minha última chance de poder conversar com ele.
À mesa, no almoço de dia das mães, falávamos de um tudo. E ele, de repente, me vendo repetir o prato delicioso que minha mãe preparara para específica ocasião me indagou: E você, Leo? O que anda fazendo para você? Tá se cuidando? Comendo assim vai ter que fazer algum exercício em breve. Qual foi a úiltima vez que você fez alguma coisa pela primeira vez?
Aquilo nem havia me tocado no momento. Mas hoje, faz um significado enorme.
Era ali a última vez que eu conversaria com meu irmão Artur Cinezi.
Na terça feira seguinte (após o domingo de dia das mães), eu saia a noite da faculdade, voltando para minha morada, quando um grande amigo (Keith) nosso me liga. Este amigo é policial e me perguntou ao telefone assim: "E aí, Leo? Tudo bem?
Leo: Tudo. Manda aí!
Keith: Tá por onde?
Leo: Saindo da faculdade, indo pra casa e você?
Keith: ô. Leo. Você pode me encontrar ali na moóca?
Leo CLARO. Tô indo.
Retornei na via anchieta sem sequer saber o motivo. Aliás, NUNCA precisaei saber o motivo de nada. Por isso não sei também o motivo que hoje me faz caminhar. Eu NUNCA saberei o que memotivou a começar. Não conseguiria responder a pergunta que me fizeram ontem sobre o que me motivou caminhar. Só comecei. Fui e estou. E, se eu parar, isso não vai me melindrar. Tampouco me decepcionar. O que os outros pensam de mim pouco ou nada importa. O que EU penso de mim é que deve ser levado em consideração. Eu não devo motivos às pessoas. Devo apenas à mim. Ou não...
Fui em sentido do bairro italianíssimo da Moóca. mesmo sem saber aonde deveria encontrar meu amigo Keith. A gente se vê sempre. Sabe aqueles amigos desde criança e que envelhecem juntos com você? Pois bem. Este é um AMIGO deste tipo aí. SEMPRE perto. Sempre lado a lado.
Liguei pra ele:
Leo: E aí? Onde te encontro?
Confesso que no caminho, pensei em algumas hipóteses como por exemplo: Por que ele tá me ligando agora? Será (por ele ser policial) que passou por alguma coisa? Será que saberei ajudá-lo? Será que aconteceu alguma coisa?
Afastei todo e qualquer pensamento da minha mente decidido a fazer por ele o que sempre fizemos um pelo outro: ESTAR JUNTO. Independente do que fosse.
Keith: Me encontra na delegacia "tal".
Leo: Já tô bem perto e você?
Keith: Tô encostando.
Cheguei lá na delegacia "tal" antes que ele.
Quando ele chegou, me levou para o outro lado da rua cruzou os braços e me perguntou: Tá tudo bem?
Respondi que sim.
Ele falou: Você vai ter que ser forte agora, mano!
Leo: Manda parceiro. Tô com você em qualquer parada!
Keith (diretamente): É o Artur, Leo... Ele se matou.
...
desculpe não consigo mais escrever.....
Onde ele estiver. Está agora orgulho de você estar se permitindo ser um momento só seu, em que ao mesmo tempo em que o corpo é acarinhado com um exercício moderado, a mente segue solta apenas com os seus pensamentos que vão longe buscar paz e lembranças repletas e emoções. Não tinha motivação. Agora tem. E a das melhores. Encontro diário com você mesmo dentro do mundo (a cada caminhada verá o seu bairro diferente até que chegará a amá-lo) e dentro de si mesmo.
ResponderExcluirParabéns. Acarinhe-se (com o exercício) e emocione-se. Adorei o post.
Um abração do http://dundes.com/ex-sedentario
Não precisa dar continuidade no texto não Leo, pois são sei muito sobre a dignidade daqueles que tanto se estapearam ha dois anos e hoje sequer respeitam a memória. Memória? Esse povo tá mais pra Pen Drive de 1GB da Pagé, a memória é curta, funciona um dia e no outro já não presta mais.
ResponderExcluirCaminhar é preciso, Será??? Mano, todo dia que você acordar a fim de caminhar você poe o tenis e vai... Eu vou continuar deitado na minha cama e logo após acordar eu tiro o dia todo pra reclamar de dor nas costas, e sempre tem um PUTO pra dizer: "É a idade...", vai se F... Idade é numero, dor nas costas é DOR Caraiiii.
Leo, é Nóis, não te acompanho nos 2 Km de caminhada, mas se for pra ser seu amigo nas horas mais duras eu corro até 20Km.
Abraços e boas lembranças.
Pere
eita amigão!!!
ResponderExcluirja ouvi essa história muitas veses e ela nunca me comoveu como agora...
falow
abraço Léo
É... dois anos... Mas vamos falar de quem ficou, que ele esteja em bom lugar. Celebramos a vida, a alegria de viver e compartilhar de momentos únicos como os acima descritos... Quem acompanha as 500 milhas de Indianápolis que o Leo faz todos os dias está se emocionando, rindo, refletindo e aprendendo um pouquinho mais! Posso dizer que sou um privilegiado em ter uma amizade muito grande com o LEO ( Sem acento, pq ele não gosta!) e que ele é um poço de muitas coisas boas! AMO VOCE CARA, e como vc me ensinou, CONTE COMIGO SEMPRE!
ResponderExcluirGrande abraço e encha-nos de bons textos com a caminhada matinal!
Oi Leo, estou com lágrimas nos olhos... Muita emoção de ler sua lembrança.
ResponderExcluirtriste..... fiquei sabendo da morte do Artur depois de muito tempo, trabalhei com ele muito gente fina. Foi uma grande perda
ResponderExcluirabraços